A Petrobras decidiu pagar parte da dívida do Estaleiro Rio Grande, da empresa Ecovix, com seus fornecedores, mediante um desconto de 30% sobre o valor devido. O objetivo é tentar evitar atrasos na entrega de cascos de plataformas de petróleo.
No acordo em negociação, os parceiros da Ecovix na construção de plataformas receberão pagamento direto da estatal. O mecanismo foi batizado de contas vinculadas.
Procuradas pela
Folha, Ecovix e Petrobras não se manifestaram.
A Ecovix é o braço de construção naval do grupo Engevix, que teve três pessoas ligadas a sua administração denunciadas por corrupção ativa e lavagem de dinheiro na
Operação Lava Jato.
O grupo está impedido de participar de licitações da estatal desde outubro de 2014, e os contratos ativos foram postos em reavaliação, o que atrasa pagamentos.
A dívida do Estaleiro Rio Grande com seus fornecedores era de R$ 19,6 milhões em junho, segundo a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas).
Atualmente, a Petrobras tem um contrato com a Ecovix, de R$ 227,4 milhões, de acordo com o portal de transparência da estatal.
RECLAMAÇÕES
Nos últimos meses, a Ecovix afirmou que a Petrobras estava atrasando pagamentos de contratos em vigor.
Esse seria o motivo da
inadimplência com fornecedores e de 3.000 demissões no estaleiro gaúcho.
O reflexo da crise da Ecovix é a possibilidade de atraso na entrega de sete dos oito cascos dos chamados "FPSOs replicantes" encomendados pela Petrobras.
Os cascos replicantes serão utilizados em plataformas de exploração, que devem iniciar operação em campos do pré-sal a partir de 2017. Um casco já foi entregue à estatal.
O estaleiro tem também
contrato para a construção de três navios-sonda para a Sete Brasil.
Há no setor a expectativa de que a Ecovix será a próxima a pedir recuperação judicial. Já a Engevix negocia acordo de leniência com a CGU (Controladoria Geral da União), pelo qual admitiria ter cometido irregularidades para se livrar da proibição de contratar com o governo
A
Folha apurou que os fornecedores da Ecovix não ficaram satisfeitos em receber menos, como propôs a Petrobras, mas devem aceitar a oferta pelo temor de ficar mais tempo sem receber.
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